terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Olimpíada é no Rio. A Copa no Brasil. E o que se aprende disso tudo?




* Paulo Vinícius Coelho - comentarista da ESPN

A eleição contra outras três cidades fez do Rio-2016 um caso diferente da Copa de 2014. Caiu mais rápido a ficha e ninguém festejou a Copa no Brasil como se fez com a Olimpíada no Rio. Quase uma contradição, levando em conta o fato de o Brasil ser o país do futebol, não dos esportes olímpicos.

A Olimpíada foi recebida como se o Brasil agora fosse um país de primeiro mundo. Mas é ela quem faz a diferença?
O complexo de vira-lata, que o presidente Lula disse ter sido vencido, está presente a cada dia, a cada vez que um jogador de futebol, basquete e vôlei decide trocar o Brasil pela Itália, Espanha, Rússia, Estados Unidos ou Usbequistão.

Não, ganhar a Olimpíada não dá a noção de que o país melhorou, embora seja evidente a evolução que vivemos do governo Sarney, no fim dos anos 80, para a década de 2010 que se aproxima.

Vai ser linda a festa, não tenha dúvida. Assim como será fantástico o mês da Copa, em 2014.

Entre os dois eventos, algumas diferenças. A primeira delas, a quantidade de dinheiro público.
A Copa vai ter muito dinheiro público estadual, no Mato Grosso, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais. Vai ter menos em São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, onde os estádios não serão construídos com verbas públicas. Melhor assim.

Ainda que seja preciso voltar aos anos 40, ao governo Getúlio Vargas, para entender por que tanta gente acha ser papel do Estado construir estádio, hoje é possível levantar arenas com financiamento do setor privado, como estão tentando Palmeiras, Grêmio e Coritiba.

A Olimpíada terá investimento de US$ 14,3 bilhões, a maior parte vindo da União. É do seu, do meu, do nosso imposto pago religiosamente em dia que nascerá a Olimpíada no Rio.
E, enquanto isso, você continuará correndo o risco de ser assaltado num sinal, em São Paulo, Belo Horizonte ou Rio, porque o menino que não foi para a escola não virou atleta, mas bandido.

Eis por que não é papel da União, no Brasil, financiar uma Olimpíada. O caso da Copa é quase tão grave. Quase, porque terá menos dinheiro da União, embora muita grana dos governos estaduais.

Mas será.

E tudo será ruim? Claro que não. Vai ter gente, muita gente, trabalhando em função do evento. Em função da Copa do Mundo, também.
A outra diferença entre a Copa e a Olimpíada é que o Rio 2016 nasce dois anos depois do Pan 2007, que teve seu orçamento santando de 400 milhões para 3,1 bilhões.

Se o salto orçamental for da mesma proporção, a Olimpíada pode custar 8 vezes mais do que os 14 bilhões imaginados. Nesse caso, a responsabilidade será do governo Lula, que avalizou o evento, apesar de ter sido traído pela organização do Pan 2007.

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